Vivemos um tempo obtuso, sinuoso, contraditório. Tempos de fascismo deliberado e de lutas sociais. Tempos de guerra e paz. E todos, com exceção dos que detém poderes e privilégios, querem viver num país melhor, mais justo, com menos fronteiras.
Romper as fronteiras que limitam o nosso pensamento, que nos afastam, nos segregam é algo que requer coragem para seguir e parcimônia para ponderar, para analisar. Nem todo mundo quer sair da sua zona de conforto. Nem todo mundo quer abrir mão dos seus privilégios.
E quando a fronteira não é rompida através do diálogo, é momento de se posicionar, dizer de que lado você está. Ficar em cima do muro não dá. Transitar entre as duas fronteiras não é coerente. Partir para a briga e querer ganhar no grito é ignorância. Comportamento de quem precisa aprender a dialogar, propor soluções.
É preciso pensar a sociedade e as tensões entre os espaços público e privado. Desmoronar a lógica de superiorização e inferiorização de grupos, baseada na hierarquia da invisibilidade. Descolonizar os territórios que aprisionam nossa mente. Ocupar! Mas é possível conciliar a casa grande e a favela?
Enquanto isso não acontece, mesmo a Constituição garantindo o Direito à Terra como um Direito Humano, muitos não têm nem um metro quadrado de chão para plantar o que comer, nesse imenso Brasil continental. Mesmo a Constituição afirmando que somos todos iguais perante a lei, as mulheres, os negros, a população LGBT, os pobres, continuam lutando por espaço, por reconhecimento, por igualdade de direitos, por respeito, por dignidade.
Estamos pulando na corda bamba, dançando na borda da linha da fronteira, borderlines. Dentro de um sistema complexo, incompleto e por isso mesmo, desafiador. É tempo de ruptura dos velhos pensamentos. É tempo de nascerem novos comportamentos. É tempo de posicionamento. De que lado você está?
Por Edson Bastos