A Esperança é uma Flecha de Fogo
“A esperança é uma flecha de fogo”, cantam Bell e Wadinho Marques em “Gritos de Guerra”, uma frase carregada de potência que nos convida a refletir sobre o papel da esperança em tempos tão complexos. Em um mundo marcado por transformações sociais profundas, no qual o Brasil emerge da sombra de um período onde artistas e produtores culturais foram duramente perseguidos, e a própria noção de cultura parecia ameaçada. Em meio a uma pandemia que isolou, e muitas vezes desamparou a sociedade, a esperança tornou-se um sentimento urgente, um afeto poderoso, mas paradoxal. Ela é como uma chama intensa que ilumina o caminho, mas também queima, pois a esperança nasce onde algo falta, gerando a mesma angústia que a saudade.
Neste cenário, a retomada do FECIBA, que volta a Ilhéus após uma ausência desde 2015, é uma verdadeira flecha de esperança que cruza o horizonte, trazendo luz para o cinema baiano e para a cultura do interior. O festival não é apenas uma celebração da nossa cinematografia, mas um espaço vital de encontro, diálogo e aprendizado, onde produtores, artistas e espectadores podem se reunir para refletir e construir. Paulo Freire, com seu conceito de “esperançar”, nos lembra que a esperança não é passiva, não é o esperar quieto: é uma ação de transformação, uma força que nos impele a agir, a mudar, a construir. No FECIBA, “esperançar” se torna a luta por um audiovisual inclusivo, que abarque a diversidade que é o nosso Estado.
Essa flecha de fogo aponta também para o futuro das políticas culturais do Brasil. Após anos de precarização e descaso, vemos agora o retorno do fomento cultural e da atuação do MinC e da Ancine, um respiro para a continuidade das produções culturais. No entanto, a descentralização dos recursos é uma necessidade urgente. A criação da Bahia Filmes abre uma nova perspectiva, mas é fundamental que os investimentos cheguem ao interior do Estado, onde talentos igualmente vibrantes encontram menos suporte para florescer. A Bahia precisa ser um cenário para toda sua diversidade, e o FECIBA desempenha um papel único nessa missão, ampliando os horizontes.
Que o FECIBA, então, seja uma flecha de fogo que aponta para um cinema brasileiro mais justo, inclusivo e reflexivo, onde o audiovisual é instrumento de visibilidade e justiça social. Onde as Mostras e Festivais de Cinema possam ter continuidade e garantias para promoverem formação de público e aperfeiçoamento de mão-de-obra.
Assim, o FECIBA de 2024 é um marco de resistência, um farol que guia o retorno da esperança em tempos de reconstrução. É o espaço onde a esperança não é só afeto ou angústia, mas ação, criação e transformação. Que, entre mesas de debate, oficinas e exibições, possamos construir juntos o futuro da nossa cinematografia. Que possamos, através do cinema, lançar essa flecha de fogo na direção de um Brasil mais igualitário, plural e acolhedor. A chama da esperança, afinal, pode até angustiar, mas é ela que nos move e nos dá coragem para imaginar – e construir – um futuro melhor para o audiovisual, para a cultura e para todos nós.
Créditos Identidade Visual FECIBA
Direção Artística e Produção
@edsonjosebastos
Ideia
@dudaitajahy
Câmera e Edição
@hencafil
Foto
@milenapalladino_fotografia
Designer
@cavalodesign
Performer e Figurino
@coelhanomundo
Assistente de Pirofagia e Make-up
@davis.on.paulo
Trilha
@canoasonora
Guitarra
@ismerarock
Voz
@laisa.eca
Locução
@eliarruda_producoes
Agradecimento
@emirongouveia